8 OU 80, COMO ENCONTRAR O EQUILÍBRIO? (Parte 1)
- aleogassavara
- 17 de abr. de 2019
- 4 min de leitura
Do inexistente ao exagero do mercado plus size.
Hoje resolvi fazer um post sobre uma reflexão que venho discutindo há algum tempo com diversas pessoas com quais converso. O pensamento aqui é sobre o por que de algumas coisas serem como são hoje e por que isso é bom ou ruim.
Eu ministrei já duas palestras em cursos de consultoria plus size, sendo elas muito diferentes entre si. O principal motivo para isso foi o público com o qual eu falava e o conteúdo que eu trazia em ambas as épocas. Na primeira vez em que fiz isso, além do fato do meu estudo ser muito mais acadêmico do que propriamente de campo, eu me deparei com pessoas que tinham muito enraizadas nelas conceitos criados por um senso comum, tendo uma dificuldade enorme de enxergar a dor e a delicadeza que é a dificuldade do outro e ainda trazendo questionamentos que eram posicionados como verdades.
Vale dizer que isso era de uma forma geral e que isso também vem muito do background de cada pessoa, visto que cada um tem um jeito de aprender a lidar com as coisas da vida e também um tempo para aprender a se desconstruir. Aí chega um ponto importante: o que é desconstruir um pensamento? Basicamente é abrir sua mente para novas formas de olhar as mesmas coisas que acontecem há anos na sociedade (padrões de pensamentos e atitudes). É entender que aquilo que se tomava como verdade pode não ser e, ainda pior, pode ser algo que prejudica pessoas ao seu redor e menospreza ou gera preconceito (um conceito pré concebido sem qualquer conhecimento do fato). Claro que isso vem com amadurecimento e através de autoanálise de fatores e pontos relacionados a determinada situação.
Mas conversando com diversas pessoas sobre isso, comecei a entender que na verdade para isso acontecer o assunto tem que vir à tona. A partir disso, as pessoas vão começar a se questionar com diferentes pontos de vista, trazendo para o debate coisas que aprenderam durante a vida e que podem ou não mudar o pensamento. Quando comecei a pensar sobre isso, entendi que existem etapas para isso, sendo elas: conhecimento do fato, discussão, mudança de pensamento e padrões, exagero de informações e equilíbrio (fato entendido de forma plena).
A segunda palestra que fiz já foi bem diferente da primeira, pois as pessoas pareciam estar mais abertas e compreensivas a entender aquilo que eu trazia sobre minha experiência como consultora, como aquilo poderia fazer diferença e como a gente não percebe ou não entende muitas vezes o que é estar na pele de outra pessoa, a falta de empatia. Percebi que essas pessoas já traziam questões mais pensadas, mais baseadas em fatos e pesquisas, coisas menos pré concebidas e mais aprofundadas.
A meu ver, no plus size, começamos a entrar no conhecimento do fato em 2012 principalmente que foi quando eu comecei a perceber que o assunto era inserido, ainda de forma tímida, nas mídias. Hoje, entramos já na fase de discussão e mudança de pensamentos e padrões, beirando o exagero. Pois aquilo que antes quase não se via sendo falado, se vê sendo amplamente explorado pelas mídias, principalmente influenciadores digitais e marcas que começaram a querer entrar e entender o nicho.
O único problema do exagero que chegamos é que vira um tudo ou nada. Isso é entendível, pois a gente precisa inserir muitas vezes a informação para que ela se torne normal no dia a dia e aquela ideia seja amplamente disseminada. Esse tudo ou nada eu considero de extrema importância para conhecimento de causa e para mudanças de pensamentos ou, no mínimo, gerar reflexões válidas sobre tudo, a fim de chegarmos no tão almejado equilíbrio em que tudo aquilo que um dia foi visto como estranho, seja visto como normal (como de fato é). Só que eu ainda vejo que muito desse tudo ou nada é superficial, principalmente quando se trata das marcas.
Existem marcas atualmente que se dizem "para todos" ou "para o ser humano", querendo dizer que não fazem distinção de gênero para roupas ou mesmo de tamanhos de corpo. Contudo, algumas das que vi recentemente não condizem com aquilo que pregam, pois pode ser que para o gênero até faça sentido, mas para o plus size, não, já que as marcas limitam sua grade até um tamanho que atende apenas uma parcela do público. O que me faz entender que estamos na fase do exagero sim, tentando fazer com que tudo entre nesse novo conceito de aceitação, de não normatizar as coisas, mas que visivelmente não foi aprofundado.
Também há aquelas que se recusam a enxergar esse mercado, mesmo sendo provado que é um mercado lucrativo (já que muitas vezes vemos que o que interessa mesmo são os números e não as pessoas). Então, chegamos no nada, aquelas que continuam se mantendo no mesmo padrãozinho de anos atrás e que mostram um certo descaso com o que o mundo vem se tornando.
Por fim, eu trouxe essa reflexão sobre o plus size, mas eu penso nisso sobre tudo o que muitas vezes não percebemos, mas temos grande preconceitos e pré julgamentos sobre. Está na hora de nos despirmos disso. No caso das minhas palestras, penso que se essas pessoas foram fazer um curso de consultoria plus size, significa minimamente que algum conhecimento sobre o assunto elas têm interesse de ter, então por que não começar por elas a mudança e a tolerância nas discussões? Eu realmente acredito que qualquer tipo de discussão (sem briga hein? #respeito), é valida para se entender os pontos de vista e trazer novas formas de olhar determinada coisa. Isso é importante para desconstruir coisas que temos dentro de nós e para sermos empáticos com relação ao mundo. Isso também ajuda na nossa autoanálise e autocrítica, para pararmos para pensar no por que pensamos dessa forma e como podemos melhorar a cada dia.
Que tal começarmos a pensar mais a respeito de nós mesmos de forma mais profunda?
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