O mercado plus
- aleogassavara
- 16 de jan. de 2019
- 3 min de leitura
Visão do mercado plus size brasileiro atual

No Brasil, nos últimos 10 anos, o mercado de moda plus size evoluiu significativamente. Segundo a Associação Brasileira do Vestuário – Abravest, o crescimento anual do segmento feminina corresponde a 7%. Assim, enquanto a produção das peças de roupas femininas plus size no país soma mais de 45 milhões de itens.
Contudo, percebe-se que há crescente interesse e investimento nesse mercado há alguns anos. Grandes varejistas como C&A e Renner, já possuem linhas direcionadas para o público plus size. São coleções limitadas, sem muitas opções de peças e pouca especialização, o que aparenta ser uma estratégia que alia o amplo conhecimento que têm no ramo de vestuário à oportunidade de atender um público com grande potencial de consumo, visto que a variedade oferecida (tanto de estilo, quanto em grade de tamanho) pelo mercado não supre às necessidades do plus size. O ex-vice-presidente comercial da C&A, Paulo Correa, confirmou na época que a empresa identificou uma oportunidade de melhor atender esse segmento, “buscando democratizar o acesso ao melhor das tendências mundiais para nosso público, criando a coleção Special For You”.
Essa estratégia já acontece há algum tempo, mas vale ressaltar que para uma marca atender a um nicho de mercado é necessário entender a fundo o público do qual gostaria de fazer parte a partir de agora.
Coisa que não parece que aconteceu de forma efetiva com a C&A. Uma marca que sabe que vai atender um público que é constantemente segregado e discriminado, sendo este um público quer além de se destacar, também quer fazer parte da sociedade de forma igualitária, deveria entender que um nome como “Special for You” não é realmente adequado, já que dá a interpretação de que para esse público e para esse tipo de corpo é necessário fazer algo que todos estamos lutando contra há muito tempo: a segregação social.
Marcas brasileiras especializadas no plus size e consolidadas neste mercado, como Kauê, Program e Palank, com considerado conhecimento por estarem há alguns anos no segmento, hoje competem com grandes varejistas e marcas pequenas que viram a oportunidade de atender a esse público trazendo um apelo fashion maior e preços bem competitivos. Além de e-commerces, como a multimarca Flaminga, que vende diferentes marcas especializadas. Recentemente, com a entrada de marcas internacionais, como Forever 21 e Kiabi, que possuem lojas em São Paulo e no Rio de Janeiro, a concorrência fica ainda mais acirrada, uma vez que essas marcas já trabalham com esse público há mais tempo e ainda têm seus negócios (sedes e bases principais) em lugares do mundo onde esse mercado já é consolidado e maduro, como os Estados Unidos.
A diferença entre as marcas existentes no Brasil e as marcas internacionais que estão entrando em nosso mercado é, basicamente, em relação aos produtos. A oferta para esse público ainda parece ser precária quanto a estilo, modelagem e tecidos diferenciados em boa parte das lojas nacionais, sendo que os investimentos são em coleções baseadas em tecidos com elastano, cortes feitos sem prezar pelos corpos curvilíneos, no sentido de valorizá-los, e pouco apelo fashion. Nos últimos anos, com meu trabalho de consultoria, consegui perceber que com a concorrência aumentando, algumas marcas mais antigas começaram timidamente a introduzir peças diferentes e tecidos variados em suas coleções e as marcas menores e mais novas já entraram no mercado dessa forma, trazendo aquilo que acreditavam que estava faltando no mercado, mas ainda não se compara ao mercado internacional e sua variedade.
A falta de padronização de tamanhos das roupas foi discutida pelo Comitê Brasileiro de Normalização Têxtil e Vestuário e foi aprovada uma normatização, em 2012, que, segundo a superintendente Maria Adelina Pereira, é uma atualização da antiga norma, para facilitar e gerar confiança ao consumidor. Contudo, mesmo existindo ainda não foi implementada em todas as lojas, sobretudo do plus size. Esta nova padronização ajuda criar um consenso em relação à grade de tamanhos, eliminando a discordância presente no mercado em que algumas marcas trabalham com o plus size a partir do 44 e outras a partir do 46, sem mencionar aquelas que vão até o 52/54 apenas, o que volta a questão de segregar e limitar o público, já que não atende todos os tamanhos de seus consumidores. Vale ressaltar que uma marca que tenha esse cuidado, deve ir no mínimo ao tamanho 60, critério que segundo a criadora do Pop Plus, Flávia Durante, entrou em vigor para as novas edições do evento.
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