Plus Size: do nome ao sentido
- aleogassavara
- 9 de jan. de 2019
- 4 min de leitura

O termo plus size é derivado do inglês que significa “tamanho grande”. A definição foi dada pelos norte-americanos para designar todos os tamanhos acima do padrão convencional de medidas, ou seja, para todos os corpos que vestem do tamanho 44 para cima. No entanto, há controvérsias, pois existem marcas especializadas em plus size como a Palank, por exemplo, que entendem que o plus size se inicia a partir do 46, divergência que é reforçada de fato por não haver uma padronização de tamanhos.
Por possuir atributos característicos que o diferem de outros grupos, o segmento pode ser considerado um nicho de mercado, mesmo apresentando, em 2017, um crescimento de 7,9%, com arrecadação de R$ 7,1 bilhões só no Brasil. Para se ter noção do tamanho deste mercado, a projeção da Associação Brasil Plus Size (ABPS) é que em 5 anos este mercado chegue à receita de R$ 20 bilhões.
Hoje são mais de 100 milhões de potenciais consumidores no Brasil, porém, o segmento representa apenas 5% do mercado de varejo.
Outra questão importante a ser colocada aqui é o crescimento acelerado deste tipo de consumidor no Brasil, que hoje representa 56,9% da população e que, segundo tendências informadas pelo IBGE, em apenas 6 anos, será dois terços da população. Este fato ocorre independente da classe econômica, faixa etária e regiões. Isto se dá devido às mudanças nos padrões alimentares e falta de prática de atividade física da população, principalmente nos espaços urbanos em que a rotina diária muito corrida atrapalha a qualidade de vida, fato que deveria ser observado pelo mercado de moda.
É importante perceber que o plus size é o segmento de roupas com grade de tamanhos iniciada pelo tamanho que mais vende no Brasil: o 44, já que o corpo varia de acordo com cada cultura e as brasileiras, em geral, tendem a ser mais curvilíneas, visto até pela fama de ser o país da “bunda”. Com isso, vale questionarmos se seria o caso das marcas brasileiras focarem na criação de coleções especificas para o plus size ou se não seria o caso das marcas observarem o mercado no qual estão inseridas e aumentarem sua grade de tamanhos para atender os biótipos brasileiros.
Há quem defenda que não é necessário haver uma padronização de tamanhos no Brasil. Contudo, isso implica em não ter certeza se o tamanho de uma determinada loja vai estar de acordo com um corpo que normalmente veste determinado número em outra loja, dificultando o processo de compra e experiência da consumidora. Isso sem mencionar o fato de que ainda há dificuldade em algumas regiões de encontrar lojas físicas especializadas, o que faz com que a consumidora recorra às compras online. Com uma falta de padronização, a dificuldade em saber se a roupa lhe cairá da forma como deveria aumenta muito.
Assim como disse o jornalista Felipe Machado para a Revista Elle, “o que incomoda é descobrir que não mais as pessoas que estão fora dos padrões: os padrões é que estão fora das pessoas”. A “ditadura da magreza” começa a perder espaço para movimentos em prol da “beleza real”. Marcas como Diesel e Levi’s (e muitas outras hoje em dia) se preocuparam em mudar o próprio posicionamento, incluindo numerações acima do 44 para aumentar a identificação de suas marcas com a diversidade de biótipos, mas se houver alguma mudança realmente significativa, ainda levará muito tempo até que haja novos parâmetros que alterem os valores há muito enraizados na sociedade, inclusive se tratando até de marcas plus size que não abrangem boa parte do seu próprio público, limitando sua grade até o tamanho 52 ou 54, por exemplo.
Cabe refletir, ainda, sobre a própria denominação “plus size”. Há quem diga que utilizar nomes para denominar aquele que está acima do peso é como criar um eufemismo, revelando o tabu em torno da ideia e da palavra gordo como um termo pejorativo.
E essa exclusão com relação aos tamanhos e o descontentamento com relação à representatividade das marcas são expostos com frequência em blogs, sites de conteúdo jornalístico – seja de moda ou assuntos femininos – e redes sociais, entre outros espaços de divulgação que apresentam fatos relatados por pessoas que fazem parte deste universo que que buscam compartilhar a visão que têm sobre como a mídia trata e quão polemico é o assunto.
É um fato cultural, não apenas brasileiro, que a saúde se tornou uma utopia, como afirmado por Helena Katz no livro “Corpo, Moda e Ética”, estamos buscando uma associação “corpo-saúde”, em que nos tornamos especialistas em diversas áreas de saúde sem sermos formados nisso, grandes entendedores do assunto, sendo que aquele que não faz ginástica, não pratica algum esporte e não está dentro dos padrões começa a ter que apresentar explicações públicas. Dessa forma, cuidar do corpo deixa de ser um assunto privado e passar a ser um comportamento social que regula normas de convívio.
Nisso, o conceito de ser gordo também mudou. Tornou-se indispensável se justificar dos quilos a mais na silhueta, tratando isso como estigma ou traço antissocial, discriminatório (para entender mais, veja o artigo corpo social)
Fonte: Ilustração Duane Bryers
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